quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A QUEM ENGANO?


O que "diabos" estou fazendo aqui?
Catarse, narroterapia, interagindo na net, o quê?
Não sei não.
Necessidade de ser aprovada acho que não _ fosse assim eu colocaria censura nos comentários.
Dar um sentido menos estúpido prá mim , ou seja, fazendo algo que quero.
Em cada postagem um pedaço de algo que assimilei sem saber_ ou que não assimilei a tempo de mudar a mim, dando consequência a tantos fatos que decorreram ,na afirmação de que "não fui por aqui , não vou por aí e não estou nem aí" _ quando o único interesse e prioridade foi o de manter-me viva e algo sã.
Sem detalhes prá não parecer drama mas nasci com medo ( circunstâncias do nascimento), embalei-me junto a mãe de modo gostoso mas num tempo muito curto, tão curto que posso dizer que também cresci com medo.
Continuei com medo até que fui mãe também.
Criando filhos, resgatei os brinquedos em mim, os lápis de cor, o quarto de bagunça, as guloseimas. A criança implacàvelmente dorida desfez-se enquanto criava filhos.
Não - não desfez-se. Deixei-a num canto e fui reencontrá-la há pouco.
Quero meus lápis, meus papéis de seda onde eu desenhava mapas ( era uma mania), quero o movimento que me fazia esquecer o medo.
Lápis - teclado.
"Tia Norah" do jardim de infância, o jasminzeiro no quintal , o cheiro do plástico da merendeira, as aventurosas idas a "venda" do Seu Abílio - tão pequena eu _ e só muito depois percebi que minha mãe me queria "de coragem" _ sim, ela queria e devo a ela o grão de coragem que cristalizou-se em mim através da intenção amorosa da mãe.
Na verdade nem sei se essa postagem é de gratidão ou de desespero.
Por isso não sei o que faço aqui.
O grão da coragem esteve sempre comigo, porque não tive um caminho fácil .
Pois mesmo sabendo-me aleijada pelo medo, nunca fugi dele - admito e o encaro como quando viajo de avião - a melhor maneira de vencer o medo é enfrentando-o.
Entro no avião.
Com 1 Rivotril na cabeça uma hora antes da decolagem mas não recuso-me à viagem.
Mas mesmo antes de estourar o coração (literal e figurativamente), antes de ter que gastar mais com remédio do que com comida, antes de ficar observando que efeitos a medicação nova vai causar, antes de _ como agora _ enfrentar o medo de morrer, o grão da mãe estava comigo.
Não sei que grãos deixei cristalizados nos meus filhos ou se os deixei _ isso é com eles.
Só sei que danço por esse teclado como quem dança com a sombra.
Este blog é meu papel de seda sim mas não é meu mapa.
É os lápis de cor mas não é luz inserida em vibração tal ou qual a formar o azul.
Não é meu índigo.
Meu índigo, meu branco, a luz está escondida , lá mesmo no grão.
Por aqui, vou brincando de fazer da sombra e da dança uma espiral na parede.
Como na estampa acima.
Assim tenho vivido.
Vívida porém.
E num esforço interno, prá que espiral não se torne um reflexo de bambolê que me prenda ao maldito medo que - se confrontado com dignidade - sente vergonha de ser medo.
Não engano mais a ninguém - e principalmente - não a mim.
Catarse.
Narroterapia.
E interagindo - já pedindo desculpas pelo assunto chato.

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