terça-feira, 31 de agosto de 2010

Contos Ninfomaníacos....


Por Selene Rilke

Ela já estava sonhando com isso, não aguentava passar mais de um mês sem o tal sexo de sempre, aquele sexo descompromissado. Um dia desses ela acordou com gritos e sussurros, dela mesmo, claro. Ela era ninfomaníaca, e assumida. Nunca escondeu isso de ninguém, já nem sabe quantos homens ela já comeu na vida. Foram tantos que ela mesmo se avacalhava “daquele grupo eu já peguei quase todos, pego mesmo!”.
Resolveu então comprar um consolo, sim…ela foi ao Sex Shop. Nunca ela tinha ido a um Sex Shop, e quando ela entrou naquele recinto sentiu um cheiro de perfume barato de boate, ficou enojada. Primeiro que a atendente não era nenhum pouco sexy, gorda para cacete e um pouco grosseira, nem sorria, a coitada. Devia ser duro ter que ficar ali o dia inteiro vendo pessoas de todos os tipos entrar naquele lugar atrás de produtos de sexo, e sem poder dar uma transadinha.
Entrou sozinha, e desconfiada. Até tropeçou num tapete rosa que atrapalhou o caminho dela. Bem, ela ia comprar o tal vibrador, não podia mais ficar transando por aí com qualquer um que cruzasse a esquina dela, então decidiu que o melhor remédio seria esse brinquedo tão querido pelas mulheres livres sexualmente.
Não quis mais olhar para os lados, ela, com seu vestido tubinho e saltinho, cabelos loiros e lisos, ficou envergonhada e só olhava para frente, para a imensa prateleira de pintos de borracha. Nossa! Ela ficou bege, realmente havia pintos para todos os gostos e tamanhos. O pinto preto chamou mais a sua atenção, mas ela achou meio estranho, porque realmente era muito grande, ela tentou lembrar na sua memória ruim se já havia pegado algum com essas características, mas não, não lembrava.
Depois ela viu um pinto comprido e fino, credo! Ela lembrou do Jack, que ela foi apaixonada por um bom tempo e se desapaixonou na primeira transa. Não, não ia levá-lo de jeito nenhum.
Depois de tanto procurar pintos de borracha para safistazer a sua libido, ela finalmente achou o qual ela gostaria que fosse seu companheiro das suas noites mal dormidas. E num gesto de felicidade, pegou-o e sorriu para as paredes. Mas, de repente, um rapaz abriu a porta barulhenta do lugar, e ela tomou um susto e deixou o pinto cair no chão. “Droga!”, ela resmungou. O rapaz sorriu, quase que tirando sarro da garota. Num tom de agrado, ele foi ajudá-la a recolher o vibrador. Mas ela não permitiu, e pegou furiosa o objeto dirigindo-se em passos rápidos ao caixa.
- Eu aaaacho que eeeesse não está prestaaaando, disse a gorda numa voz fina e chata.
A gorda colocou a pilha, bateu e remexeu no pinto e nada…ele nem se mexia. Enquanto isso, a garota percebeu que o rapaz a olhava sorrindo. Mas ela não sorria, estava furiosa. “Veja se tem outro no depósito por favor, ela disse”. E a gorda foi ver se encontrava outro vibrador. Só aí a garota pôde perceber que o rapaz não era de se jogar fora, tinha umas pernas de jogador de futebol, branquinho de cabelos pretos, com uma altura considerável e um sorriso muito charmoso, que ficava mais bonito com as sombrancelhas grossas. Ele estava na sessão de filmes e revistas pornôs. “Devia ser um tarado”, ela pensou. Ia se dar muito bem com ela. Sex Shop deveria servir para encontros pornográficos de ninfomaníacos, que já não tem mais quem pegar por aí, e o que os resta são apenas clientes tarados.
-Ééé minha querida…não tem. Disse a gorda quase com preguiça de terminar a frase.
A garota pegou o vibrador e tentou ela mesma fazer funcionar o negócio, já não mais se envergonhava, só queria que aquele troço funcionasse. “Me dá aqui”, o rapaz disse lá do final do corredor. Enfim, o que ela iria fazer numa hora dessas? Entregou o pinto para o estranho. “É só bater um pouquinho”, e pronto (parecia um tanto irônico). O vibrador começou a vibrar de tanta emoção. “Obrigada”, ela disse, e finalmente sorriu para ele, como se aquilo fosse o melhor favor que alguém poderia ter feito para ela.
Dirigiu-se a porta e entrou no seu Peugeot, a garota não parava de pensar no rapaz estranho. Já imaginava ele saindo daquele Sex Shop e indo em direção ao carro dela, e sem pudor, transariam ali, na frente do espelho da loja, com a gorda de voyer. Pegou o vibrador para guardar no porta luvas, e um pequeno papel caiu em seguida, no banco. “Rafael: 91436723″. O coração da garota ficou agitado, ela pisou no acelerador e gozou naquele momento, sabendo que aquele vibrador não seria o seu companheiro daquela noite, ainda!

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